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Universitária ficou 16h perdida na floresta
04/04/2016 16:35 em Notícias

‘Não me desesperei’, diz universitária que ficou 16h perdida na floresta

Jovem estava em uma aula prática quando se perdeu, na tarde de sexta (1).
Ela contou que chegou a rodovia sozinha guiada pelos sons das carretas.

Manter a calma. Essa foi a estratégia adotada pela universitária Brenda Letícia Rodrigues, de 21 anos, que ficou perdida por 16 horas e 30 minutos na Floresta Nacional do Tapajós, em Belterra, região metropolitana de Santarém, no oeste do Pará. A jovem que cursa engenharia florestal na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) se perdeu durante uma aula prática por volta de 17h de sexta-feira (1) e passou a noite sozinha na floresta até chegar a uma guarita às margens da rodovia por volta de 9h30 de sábado (2).

Ainda emocionada, Brenda relatou em entrevista coletiva a imprensa na manhã dessa segunda-feira (4) os momentos vividos na mata escura. “Eu não conseguia enxergar nada e ouvia muito barulho. Qualquer coisa que a gente ouve a noite é uma aflição muito grande (...). Eu sabia que tinha gente me procurando, sabia que iam me encontrar. Não me desesperei, e me mantive calma (...). Eu me assustei com minha própria reação de me manter tranquila, de não me desesperar, de ter forças”.

A jovem estava no local desempenhando a função de monitora da disciplina de Inventário Florestal quando se perdeu das duas equipes pelas quais era responsável. A turma, formada por 34 acadêmicos foi ao local para uma aula prática. Ao chegarem à Flona ainda na manhã de quinta-feira (31), foram formados sete grupos e distribuídos em linhas que são abertas na floresta a uma distância de 50 metros uma das outras. Todas as equipes estavam acompanhadas por um manejador experiente da Cooperativa Mista da Flona Tapajós (Coomflona).

Experiente, pois já participou outras vezes de aulas no local, Brenda não soube explicar como se perdeu dos grupos, uma vez que a área é demarcada, mas disse que no momento que percebeu que estava distante dos demais procurou imediatamente um lugar para se proteger. Com os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) a jovem se abrigou próximo a uma árvore e como tinha alimentos esperou amanhecer.

Ao amanhecer a jovem decidiu se guiar pelos sons que ouvia das carretas que passavam pela rodovia federal BR-163 e chegou até a uma guarita da Flona. “Entrei no mato. Acho que andei umas duas horas e consegui chegar na base do 72 [KM]. Não sofri nada de grave, só umas picadas de mosquitos (...). Eu não desejo pra ninguém porque uma noite lá mexe com qualquer um, mas eu não tenho medo de voltar pra aula prática. Não estou com trauma. Eu adoro o curso que faço. Estar lá na floresta é o que gosto de fazer”.

Buscas

Assim que sentiram falta da jovem, os professores que coordenavam a aula no local iniciaram as buscas com 12 manejadores experientes da Coomflona. Sem sucesso na localização de Brenda, o Corpo de Bombeiros, 8º BEC e comunitários com motos nas trilhas foram acionados para ajudar. O Corpo de Bombeiros enviou ao local uma equipe por volta de 00h30 de sábado (2) com três militares especializados em área de selva.

Inovação no curso
Durante a coletiva, a reitora da Ufopa, professora Doutora Raimunda Monteiro anunciou que após o ocorrido a instituição planeja ofertar formação em sobrevivência em selva para os acadêmicos de engenharia florestal. “O que aconteceu coma Brenda com certeza nos auxiliou para que a gente tenha esse diferencial que é determinado pelas condições da floresta amazônica e da formação específica que nós temos que da para engenheiro florestal que sai da nossa universidade”.

Nota à imprensa
A Ufopa esclareceu em nota distribuída durante a coletiva nesta segunda-feira que não mediu esforços para minimizar os traumas do incidente. O Instituto de Biodiversidade e Florestas lamentou o ocorrido e agradeceu a todos os que se envolveram nas buscas.

 

 

(Fonte:G1)

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