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Desemprego aumenta 55% na Região Norte, diz Ipea
11/06/2016 09:20 em Notícias

A taxa de desemprego na região Norte passou de 6,77% para 10,48%, cerca de quatro pontos percentuais, em dois anos. Um aumento relativo de 54,80% no período. Mais preocupante é que a força de trabalho, que engrossa os índices de pessoas sem ocupação, não para de crescer. Na comparação dos percentuais de desempregados do último trimestre de 2015 (8,63%) e o primeiro deste ano, a alta foi de 21,43%. Os dados aparecem na análise sobre os números do mercado de trabalho divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea) nesta sexta-feira.

O estudo mostra também que o Sul foi a região mais atingida pelo desemprego, com alta de 95% entre o quarto trimestre de 2015 e o primeiro trimestre de 2016 (7,35%). No Sudeste, a taxa subiu para 72%, alcançando 11,38%. Já no Nordeste o aumento foi de 55%. Apesar disso, o Nordeste continua sendo a região com maior número de desempregados do País - taxa de 12,80%. A taxa geral do Brasil variou de 8,96% para 10,90% no mesmo período de comparação.

A pesquisa ainda aponta que o agravamento da crise econômica intensificou o nível de desemprego entre os mais jovens. Atualmente um entre quatro brasileiros com menos de 25 anos está desempregado. Em números, são 26,36% de pessoas nessa faixa-etária sem ocupação. Dois anos antes, essa parcela era onze pontos percentuais a menos: 15,25%. Além de jovens, os mais afetados são mulheres, pessoas com ensino médio incompleto, que não são chefes de família e que moram em regiões metropolitanas.

O detalhamento feito pelo Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea aponta que o porcentual dos brasileiros entre 14 e 24 anos que não possuem emprego subiu de 20,89% no 4º trimestre de 2015 para 26,36% no 1º trimestre deste ano. "Após atingir um pico de 44% no terceiro trimestre de 2012, os jovens ocupados eram apenas 37% no primeiro trimestre de 2016", frisa a pesquisa.

Entre as pessoas com 25 a 59 anos, a taxa de desemprego cresceu menos, de 6,69% para 7,91%. O mesmo ocorreu no grupo formado por pessoas com mais de 59 anos, cuja taxa de desemprego oscilou de 2,52% para 3,29% no mesmo período analisado. O índice de desemprego também atinge mais as mulheres (12,75%) do que os homens (9,48%), mais aqueles que não são chefes de família (15%) do que aqueles que são (6,07%) e mais quem mora nas regiões metropolitanas (11,93%) do que quem reside fora delas (10,13%).

Na divisão por escolaridade, aqueles que possuem o ensino médio incompleto são os que mais sofrem, com 14,95% de taxa de desemprego. Quem possui o superior completo enfrenta o ambiente menos adverso, com uma taxa de desemprego de 7,64%. A pesquisa mostra que todos os grupos analisados registraram aumento do desemprego na comparação entre o primeiro trimestre de 2016 e o quarto trimestre do ano passado. O mesmo acontece na comparação com o primeiro trimestre de 2015, quando a taxa nacional estava em 7,94%.

"Desde o último trimestre de 2015, os dados da PNADC indicam que o aumento do desemprego foi causado majoritariamente pela queda da população ocupada, tendo sido reduzida a contribuição do aumento da população economicamente ativa (PEA)", aponta o estudo do Ipea, em referência à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. "Por outro lado, o aumento do desemprego não tem sido ainda mais intenso, pois muitos trabalhadores têm tomado a iniciativa de se tornarem trabalhadores por conta própria", complementa a Carta de Conjuntura.

O documento ressalta que a situação de desocupação do País continuou a se deteriorar no início do segundo trimestre. Tanto que a taxa de desemprego, que terminou o primeiro trimestre em 10,90%, subiu para 11,2% no trimestre móvel que inclui o mês de abril.

Rendimento

Com o aumento do desemprego, a renda média do trabalhador permaneceu praticamente estável, em contraste com a taxa de inflação que oscila ao redor de 10% ao ano. "A média dos rendimentos no primeiro trimestre ficou em R$ 1.974,00, apenas R$ 5 maior que a média do último trimestre de 2015, porém bastante abaixo dos R$ 2.040,00 observados no início de 2015 e final de 2014", menciona o documento. No trimestre encerrado em abril, o rendimento médio já havia caído mais um pouco, para R$ 1.962,00.

Os dados da PNADC, ressalta o Ipea, salientam que a redução nos salários reais foi pior em setores que exigem menor qualificação. No grupo de pessoas que recebem menos que o mínimo, os rendimentos reais caíram aproximadamente 10% nos últimos 12 meses. "Já o rendimento real do decil superior da distribuição de renda caiu 6,7% no último ano", compara o Ipea, ao analisar os dados do primeiro trimestre deste ano.

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