Segundo procuradores, governo Temer reduziu drasticamente efetivo policial na Lava-Jato
Os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato afirmaram ontém (06) que o fim do grupo de trabalho da operação na Polícia Federal vai prejudicar as investigações e dificultar seu prosseguimento com a mesma eficiência que tiveram até aqui.
"A medida tornada pública hoje é um evidente retrocesso. Por isso, o Ministério Público Federal espera que a decisão possa ser revista, com a consequente reversão da diminuição de quadros e da dissolução do Grupo de Trabalho da Polícia Federal na Lava Jato, a fim de que possam prosseguir regularmente e com eficiência as investigações contra centenas de pessoas e de que os bilhões desviados possam continuar a ser recuperados", disseram.
O Ministério Público Federal destacou que o governo Temer promoveu uma redução drástica do efetivo da PF na Lava-Jato e citaram o excesso de investigações pendentes devido aos cortes na Polícia Federal.
"Hoje, o número de inquéritos e investigações é restringido pela quantidade de investigadores disponível. Há uma grande lista de materiais pendentes de análise e os delegados de polícia do caso não têm tido condições de desenvolver novas linhas de investigação por serem absorvidos por demandas ordinárias do trabalho acumulado", afirmaram.
A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) também criticou a medida. Para a associação, esse encerramento "pode representar um retrocesso indelével para a operação".
Com a dissolução dos grupos de trabalho, os inquéritos serão distribuídas para todo o efetivo da corporação no Paraná. No entanto, os delegados não atuarão mais com exclusividade em relação à Lava-Jato e dividirão sua atenção com outras investigações. Para a força-tarefa, a descoberta de novos casos de corrupção será prejudicada, já que nenhum dos policiais terá um conhecimento especializado da operação, fundamental para o desenvolvimento de uma visão global da Lava-Jato e a potencial descoberta de conexões entre investigados.
O Ministério Público Federal lembrou da chegada de novas investigações baseadas na delação da Odebrecht e indicou que, apesar da redução do efetivo da PF, houve aumento nos grupos do MPF focados nos desdobramentos da operação em Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Os procuradores, no entanto, elogiaram a parceria com a Polícia Federal e a Receita Federal nas investigações da Lava-Jato até aqui.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Edson Campagnolo, o fim da força-tarefa da Lava-Jato também é um motivo de precupação.
- Como vemos a cada dia no noticiário, ainda existem inúmeras denúncias contra importantes agentes públicos e privados que precisam ser apuradas. Por isso, o fim da força-tarefa da PF é motivo de alerta. A quem interessa uma ação como essa? Com certeza não é à sociedade brasileira - disse Campagnolo.
Fonte: O Globo