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Círio de Nazaré: Trasladação chega ao fim após cinco horas de duração
13/10/2019 01:53 em Notícias

Apesar do atraso no início por causa do no atrelamento da corda, procissão teve ritmo ágil e foi acompanhada por 1,4 milhão de fiéis

 

Na véspera de uma lua cheia, a Trasladação deste ano ganhou uma luz a mais no céu. Durante a missa que antecedeu a romaria, uma intenção foi posta para a fé e orações dos romeiros: pedir à Nossa Senhora de Nazaré paz e proteção ao Brasil, principalmente para as crianças e jovens. Historicamente, a romaria vem crescendo em público participante. A estimativa da Diretoria da Festa era de 1,4 milhão de pessoas. Visualmente, não parecia ser menor do que a procissão principal do Círio, que reúne, em média, 2 milhões de pessoas.

A tarde deste sábado (12) foi de chuva fina e insistente, apesar do sol forte. Depois, uma noite de calor e muito abafada.

Essa combinação aumentou o sacrifício dos romeiros. Muitos costumam participar da Trasladação por ser um evento noturno; na teoria, com clima mais ameno. Desde o atrelamento da Berlinda à corda, as estações e núcleo já estavam bem tumultuados. Alguns promesseiros e voluntários se dedicavam a abanar quem estava na corda. Outros ajudavam na hidratação, com água para beber ou se refrescar.

 

Pontualmente, a missa começou às 16h30. A celebração foi feita pelo núncio apostólico, dom Giovanni D'Aniello. Num comentário pessoal, declarou: "Este é o meu terceiro Círio. Cada Círio é uma descoberta.

Cada Círio nos provoca reações diferentes".

Dom Giovanni está à frente da coordenação do Círio, em lugar do arcebispo metropolitano de Belém, dom Alberto Taveira. Dom Alberto está no Sínodo da Amazônia, a convite do papa Francisco.As canções tradicionais da Quadra Nazarena ecoavam pela avenida Magalhães Barata.

Milhares de pessoas, dentro e fora do Colégio Gentil Bittencourt,, formavam um coral improvisado e muito forte.Na corda, os promesseiros e devotos tentavam se inspirar de força e resistência. Entoavam homenagens gritadas à Nossa Senhora de Nazaré. Como se fossem guerreiros se preparando para uma batalha.

Não deixava de ser uma batalha contra o cansaço e o clima, para conseguir mostrar a fé na Virgem de Nazaré. Fosse para pedir uma graça ou agradecer uma já alcançada. Era como se estivessem em outra realidade. As palavras de dom Giovanni não chegavam a eles. Em parte, porque o sistema de som não deu conta. Foi uma reclamação recorrente.

Leituras na missa ilustram Maria como uma mulher em contato direto com Deus

Como o tema do 227º Círio é "Maria, Mãe da Igreja", as leituras extraídas da Bíblia simbolizavam esse tema. A primeira foi uma leitura do livro de Ester, na qual a rainha salvava o povo judeu, ao interceder junto ao rei por eles.

A outra vinha do enigmático e metafórico Apocalipse de João, que retrata a vinda de uma mulher revestida de sol e com a lua nos pés. Ela era mãe de um menino destinado a liderar as nações pagãs. Um menino cobiçado por um dragão (simbolismo do mal), mas que foi arrebatado por Deus.

A mulher então foi protegida por Deus em um retiro, enquanto o Dragão era combatido por anjos.Por fim, uma leitura, na Proclamação do Evangelho, do livro de João, na qual Jesus transformou água em vinho, durante um casamento na Galileia. Maria ordenou aos trabalhadores do casamento que obedecessem tudo o que Jesus dissesse. E houve vinho novamente na festa.

Partida da romaria começa com atraso e ritmo instável

Às 17h30, a Imagem Peregrina foi conduzida à Berlinda, ornada com cravos brancos e orquídeas da Amazônia. Foi uma simbologia a Jesus Cristo, dado à luz do mundo por Maria. As flores foram trazidas de São Paulo, especialmente para a ocasião.

As orquídeas foram fornecidas por produtores regionais.

A previsão era de que a Trasladação começasse às 17h30. Pouco antes disso, a imagem peregrina já estava na Berlinda. Foram quase 20 minutos de atraso, até que os fieis começassem a puxar a corda.

O atrelamento foi difícil e tumultuado, pela quantidade de pessoas e clima propício ao desgaste físico. Foi difícil organizar e partir.

Quando a Berlinda começou a se mover, o ritmo foi moderado. Mas as paradas para as primeiras homenagens acabaram tornando o ritmo mais lento. E reorganizar o movimento, que começou com dificuldade, era desafiador. Só nas homenagens do Colégio Santa Catarina de Sena, Clube do Remo e Colégio Marista, foram mais de 10 minutos.

Chegando ao cruzamento da avenida Nazaré com a travessa Quintino Bocaiúva, mais uma parada, para a homenagem do Tribunal de Contas do Estado do Pará (TCE-PA) e da Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (Codem). Não com fogos, mas com sirenes.

Por ser uma área mais aberta, a parada deu chance aos devotos de chegar mais perto da santa. E de guardar a desejada foto para se lembrar depois daquele encontro.

Com o estreitamento da via, a velocidade da Berlinda aumentou. Mas isso acabou penalizando ainda mais os promesseiros e devotos na corda.

O clima continuava abafado, sem vento. Muita gente começou a passar mal e o trecho não tinha deslocamento fácil para os voluntários da Cruz Vermelha Brasileira no Estado do Pará.

Com mais água sendo consumida, mais resíduos plásticos ficavam pelo chão e misturavam-com água e papelão. O desafio para os romeiros só aumentava. Mas em ritmo mais rápido, a imagem chegou à avenida Presidente Vargas às 19h40.

 

Fonte: O Liberal

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