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Belo Monte não tem erro de projeto ou risco estrutural, diz operadora
16/11/2019 07:16 em Notícias

A Norte Energia, responsável pela construção e operação da usina de Belo Monte, informou que não há nenhum risco ou erro de projeto, nem incertezas sobre a segurança da estrutura da hidrelétrica.

 

A declaração foi feita após reportagem do site “El País” afirmar ter tido acesso a uma carta, enviada em outubro pelo diretor-presidente da Norte Energia, Paulo Roberto Ribeiro Pinto, à diretora-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Christianne Dias Ferreira, informando que precisa alterar a vazão do reservatório imediato, devido à seca severa do rio Xingu, para evitar danos estruturais na barragem principal.

 

Segundo o comunicado da Norte Energia, assim como pode ocorrer com outras usinas no período de estiagem, a vazão de saída de água do reservatório pode ser maior que a vazão de entrada. Nestas ocasiões do período de estiagem, a vazão do Xingu fica naturalmente reduzida e são tomadas medidas para o restabelecimento da cota do reservatório.

 

“Ao contrário do que afirma a reportagem, esta manobra de operação do reservatório não traz nenhum risco à segurança das estruturas que compõem o complexo hidrelétrico, bem como às pessoas e ao meio ambiente”, diz trecho do comunicado. “A hidrelétrica funciona exatamente como foi dimensionada, para atendimento a critérios hidráulicos que, no âmbito do licenciamento ambiental, impõem que o nível do reservatório formado para a geração de energia permaneça constante”.

 

Em nota separada, a Eletrobras, que detém 49,98% de participação na Norte Energia, informou que acompanhará o assunto e informará sobre eventuais novas informações relevantes.

 

Entenda

Segundo a reportagem do “El País”, embora a Usina Hidrelétrica de Belo Monte ainda não esteja concluída, um documento da Norte Energia SA mostraria que há problemas no projeto. Em 11 de outubro de 2019, o diretor-presidente da empresa concessionária, Paulo Roberto Ribeiro Pinto, escreveu à diretora-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Christianne Dias Ferreira, uma carta com o seguinte título: “Ação urgente para controle do nível do Reservatório Xingu da UHE Belo Monte”.

 

No documento, afirma que “o atual período de estiagem tem se mostrado bastante crítico, com vazões afluentes baixas no Xingu, sendo nos últimos dias da ordem de 750 metros cúbicos por segundo”. A usina precisa manter uma vazão acima do mínimo de 700 metros cúbicos na Volta Grande do Xingu, região que vive uma situação de total insegurança das condições de vida provocada pela insuficiência do volume de água liberado por Belo Monte. Assim, a empresa pede autorização para reduzir a vazão no reservatório intermediário, o artificial, para compensar a baixa de água no reservatório do Xingu, sem agravar ainda mais a situação extremamente crítica da Volta Grande.

 

A razão: se não mantiver a cota mínima de 95,20 metros no reservatório do Xingu, a onda negativa que poderá se formar devido aos ventos “atingirá áreas da barragem não protegidas por rocha”. Esta situação, afirma o diretor-presidente da Norte Energia, “pode resultar danos estruturais à principal barragem do Rio Xingu, que é Pimental”. Na tarde de 10 de outubro, dia anterior à data do documento, o nível do reservatório do Xingu já havia atingido 95,20 metros. Ou seja: danos estruturais na barragem estavam no horizonte de possibilidades, diz o jornal. (Com El País e Valor)

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