Profissional usou o LinkedIn para mostrar a sua busca por trabalho
A ação promovida por Durães Júnior foi divulgada, originalmente, por ele mesmo no LinkedIn e ganhou espaço na imprensa com reportagem publicada pelo UOL nessa segunda-feira, 9. No relato, o jornalista com mestrado aparece carregando banner em que avisa: “preciso de emprego”. Na tentativa de ter êxito na conquista de recolocação profissional, destacou a sua bagagem acadêmica: além do jornalismo e do título de mestre, tem experiência como professor.
Enviar currículo parece não resolver. Sequer respondem
Eduardo Durães Júnior
“Fui dar visibilidade à minha luta: pedir um emprego de verdade, algo digno, um que pague um salário pelo trabalho que executo sempre com dedicação, empenho e esforço”, relatou o jornalista. “Enviar currículo parece não resolver. Sequer respondem: ‘recebemos o documento’. Estar no Linkedin, muito menos; ter Instagram, Facebook, tampouco”, seguiu Durães Júnior.
Um mesmo pedido de emprego. Diferentes reações
Em seu texto que viralizou no LinkedIn, Eduardo Durães Júnior registra que a receptividade ao seu pedido de emprego em semáforos foi, em geral, bem diferente dos dois pontos em que passou: Avenida Raja Gabaglia, na região oeste da capital Belo Horizonte; e na Avenida Babita Camargo, no município de Contagem.
“Na Raja, que dizem ser uma região chique, a maioria das pessoas se mostrou indiferente à minha presença. Raras abriram o vidro do carro. Quando o faziam sequer me olhavam”, lamentou o jornalista. Na Cidade Industrial [bairro de Contagem], foi melhor. Um sujeito, ao receber a paçoca, me ofereceu 5 reais: ‘é para te ajudar’. Ri e recusei, dizendo que não estava ali para pegar dinheiro. Outro ofereceu-me moedas”, prosseguiu, ao demonstrar que contou com solidariedade no segundo semáforo em que pediu emprego.
Pedido de emprego de jornalista. Confira a íntegra do texto de Eduardo Durães Júnior
Eduardo Durães Júnior
Mestre em Estudos de Linguagem (CEFET-MG) Licenciado em Letras (UNI-BH) Bacharel em Jornalismo (Fafi-BH)
MINHA LUTA NOS SINAIS DE TRÂNSITO tantas vezes valho-me da arte da escrita para contar histórias de vidas das pessoas, especialmente as "invisíveis". são os "malabaristas do sinal vermelho", que se contorcem para garantir a própria sobrevivência. hoje, minha vida imitou minha arte: estive nos semáforos, na raja gabaglia, região oeste de bhte; depois na babita camargos, cidade industrial, contagem. dividi minha história com o jonh e o guilherme, vendedores ambulantes; na raja; em contagem, com a luciana, que vende seguros pra carro e estuda veterinária; e o acaz felipe que, mesmo graduado em direito, vende loteria (salvo engano). deu-me um currículo dele - tentarei ajudá-lo. fui dar visibilidade à minha luta: pedir um emprego de verdade, algo digno, um que pague um salário pelo trabalho que executo sempre com dedicação, empenho e esforço. enviar currículo parece não resolver. sequer respondem: "recebemos o documento." estar no linkedin, muito menos; ter instagram, facebook, tampouco. fiz de um jeito rudimentar. mandei confeccionar um banner. pendurei no pescoço, levei currículos e paçoca, que ofereci aos motoristas gratuitamente: a maior parte fez cara de espanto, não acreditando que o doce era de graça. não estive nos semáforos apenas pra pedir emprego. para além disso, fui medir a reação das pessoas, os olhares, possíveis demonstrações de empatia e solidariedade. na raja, que dizem ser uma região chique, a maioria das pessoas se mostrou indiferente à minha presença. raras abriram o vidro do carro. quando o faziam sequer me olhavam. "é bom que vejam sua situação, um cara qualificado, num momento difícil. estas pessoas parecem que não pensam que tudo pode acontecer com qualquer um. ninguém sabe o dia de amanhã", disse guilherme.
Na cidade industrial, foi melhor. um sujeito, ao receber a paçoca, me ofereceu 5 reais: "é pra te ajudar". ri e recusei, dizendo que não estava ali pra pegar dinheiro. outro ofereceu-me moedas. foi uma experiência rica a que tive. o ato de pedir é difícil: pressupõe se despir de muitas coisas, talvez nossa soberba e vaidade. mas, senti-leve, bonito, até mais humano. voltarei aos sinais em breve. #emprego #trabalho #empatia #procurandoemprego.