MENU
Deputados vão ao Ceará e constatam investimentos da Vale
05/09/2021 10:19 em Notícias

Na fuga de investimentos, riqueza mineral explorada no Pará é beneficiada em outro estado enquanto aqui não há um investimento de grande porte

Autor: DOL com informações da Alepa

São mais de quatro décadas que o Pará é explorado por uma das maiores empresas mineradoras do mundo através da extração de ferro, cobre, manganês e outros minérios em seu territórios, a Vale S.A,. Contudo, investimentos que poderiam gerar empregos para a população local acabam sendo levados para outros estados.

Foi o que constataram os deputados estaduais, da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigam a atuação da mineradora em solo paraense.

Em visita realizada ao Complexo Siderúrgico de Pecém, no Ceará, para onde a matéria prima é levada e beneficiada, os parlamentares puderam observar as instalações que teve investimento de bilhões de reais gerando mais de seis mil empregos diretos e indiretos através da verticalização que ocorrem desde 2016.

Essa não verticalização da produção no Pará, gera emprego de mais de 60% da mão de obra local no Ceará. O deputado Eraldo Pimenta, que preside a CPI, foi acompanhado do deputado Eliel Faustino, membro titular, e estiveram no empreendimento, localizado em São Gonçalo do Amarante, no estado do Ceará. Lá, foram recebidos por Marcelo Botelho, presidente do Complexo Siderúrgico de Pecém (CSP), e o gerente de logística, Marcelo Faria.

Em reunião com os executivos, os deputados puderam conferir uma apresentação sobre as operações e logísticas do empreendimento, e o pátio da fábrica, onde é feito todo o processamento da matéria - prima.

O presidente do complexo, Marcelo Botelho, apresentou a trajetória da empresa, instalada desde 2016, mas os estudos sobre a viabilidade iniciaram em 1995.

De acordo com o executivo, o Pecém é formado por uma joint venture pelo Governo do Ceará e pelo Porto de Roterdã, na Holanda, que constituem o complexo industrial e portuário do Pecém, com condição geográfica privilegiada, tendo em vista que o porto possui a menor distância entre o Brasil e regiões estratégicas como os Estados Unidos, Europa e capacidade para receber navios de até 330 metros de comprimento, com calado de até 15,3 metros.

“O governo elegeu aqui para ser um polo, é uma política de estado. Esse é o principal motivo. Em todo o investimento, o efeito que se busca é a continuidade e o estado está junto nessa equação”, afirmou.

A Companhia Siderúrgica do Pecém é uma binacional, constituída pela brasileira Vale que detém 50% do capital, com participação de 50% das ações de empresas sul-coreanas Dongkuk (30%), maior compradora mundial de placas de aço; e Posco (20%), 4ª maior siderúrgica do mundo e a primeira na Coréia do Sul. Os investimentos são da ordem de US$ 5,4 bilhões, sendo a CSP a primeira usina integrada no Nordeste e a trigésima instalada no Brasil.

De todo material processado no pátio da CSP, dois terços são minérios provenientes de Carajás, enquanto a região sudeste contribui com apenas um terço (Minas Gerais e Espírito Santo).

Em termos de geração de operacionalidade, o minério de ferro do Pará representa com 2,8 milhões de toneladas/ano, e o sudeste com a parcela de 1,1 milhão de toneladas por ano.

A explicação para a essa mistura com minérios das duas regiões, segundo Marcelo Botelho, é que “o minério paraense possui alto teor de alumina, e o do sudeste, contém alto teor de sílica, e a junção dos dois forma uma composição de homogeneidade que gera excelentes resultados para atender o mercado nacional e internacional, tendo como principais compradores as indústrias automotivas, eletroeletrônicos e indústria pesada”, disse.

E A ALPA?

Mas para os deputados paraenses que esperam há pelo menos 10 anos pela promessa de construção da Aços Laminados do Pará - a Alpa - em Marabá, uma antiga promessa da mineradora Vale, a empresa poderia priorizar mais investimentos de grande porte na região.

“A gente se pergunta porque esses investimentos dessa envergadura não estão no Estado do Pará, que na realidade é a principal fornecedora da maior parte do minério que eles utilizam para fazer o chamado ferro – gusa, fazendo assim, uma exportação desse produto no Ceará, sendo que a maior parte vem do Pará”, argumentou, Eraldo Pimenta.

“Na realidade a gente vê que os lucros obtidos pela Vale no Pará, garante   condição e possibilidades de promover incentivos e trazer investidores para o nosso estado. Se teve a atração de coreanos para o Pecém, por que não ao estado do Pará?", indaga o parlamentar.

O Pecém possui 5.500 funcionários, sendo que desse total, 2.532 são cearenses, o que representa 61% do total de mão de obra local. Para o deputado Eliel Faustino, a contratação de empregados locais, é um diferencial que poderia ser praticado no Pará.

“Estamos observando que a Companhia Siderúrgica do Pecém trabalha gerando emprego, onde 61% de sua mão de obra são de cearenses. Então, para nós paraenses, ficamos com o mesmo desejo de que a empresa verticalize a produção para que possa gerar emprego dentro do nosso estado, e que isso seja um retorno em função da exploração minerária”, concluiu.

Deliberações

Na próxima semana, a CPI vai convocar novos executivos para comparecem às oitivas para prestarem depoimentos.

A CPI

Instalada no dia 26 de maio deste ano, a CPI tem como finalidade, apurar entre outras questões, a concessão de incentivos fiscais à empresa, o suposto descumprimento de condicionantes ambientais pela Vale, a ausência de segurança em barragens, se houve repasses incorretos de recursos aos municípios e o cadastro geral dos processos minerários existentes na região.

 

COMENTÁRIOS