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Tocantins: Polícia encontra trator arando terra em área que quilombolas reclamam ter sido invadida
30/09/2023 10:45 em Notícias

Máquinas estavam trabalhando em área disputada por quilombolas e fazendeiros

 

Polícia Civil afirma que investiga ataques e está em fase de diligências. Área é disputada por fazendeiros e moradores do Quilombo Rio Preto

 

A Polícia Militar encontrou na quarta-feira, 27, máquinas agrícolas trabalhando próximo a uma residência que a comunidade que se autodeclara Quilombo Rio Preto reivindica como sendo da comunidade e que sofreu invasão, tiroteio e queimada no último final de semana.

 

Conforme o relatório policial, o operador responsável pelas máquinas, um trator e uma pá-carregadeira, informou aos policiais que “estavam gradeando numa área já derrubada”.

 

Os militares orientaram o operador sobre a presença do policiamento, chamado pela secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot) Narubia Warreria e explicaram a liminar da Justiça Estadual que proíbe qualquer pessoa de atividades na área até decisão sobre a posse a propriedade.

 

Polícia Civil investiga situação, diz Secretaria da Segurança Pública

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a Polícia Civil investiga as ocorrências registradas no Território Quilombola do Rio Preto, em Lagoa do Tocantins.

 

Durante a visita da força-tarefa do governo do Estado à comunidade para acompanhar o conflito, a líder da comunidade, Rita Santos, informou ter registrado vários boletins de ocorrência.

 

Em nota, a pasta informou a “investigação está sendo realizada”, com perícias requisitadas e na sexta-feira, 29, uma nova equipe deve retornar ao local para novas diligências.

 

O órgão também diz estar “envidando todos os esforços” para apurar a situação.

 

Polícia Militar promete reforçar policiamento

O comandante do 13º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Bruno informou, durante reunião na comunidade Quilombola do Rio Preto na tarde de terça-feira, 27, que a determinação é que o patrulhamento seja intensificado na região.

 

“O ideal é que pelo menos uma vez por dia a polícia militar passe na comunidade. E não é só passar a viatura e voltar, descer, entrar na casa, conversar com a comunidade”, disse o tenente-coronel Bruno.

 

Num primeiro momento, o tenente informou que, “temos nossas dificuldades operacionais, efetivas, de veículo, mas não pode ser desculpa para o descumprimento. Vamos buscar meios, vou pontuar para todo policial militar sobre o conhecimento da área, para poder atender da forma mais efetiva possível, porque o acesso é dificultoso”.

 

Questionado sobre se a Polícia Militar confirma os chamados da comunidade para atender às ocorrências, o tenente disse que sim.

 

“Inclusive estivemos aqui, temos registros de cada vinda da comunidade. Hoje, temos o sistema mobile, é informatizado, digitalizado e pega as coordenadas do local. O deslocamento das nossas viaturas são todas cadastradas e acompanhadas”.

 

Perguntado quantas vezes a PM esteve no local, o tenente respondeu que em todos os chamados da presidente [Rita], a polícia foi. “No sábado à noite, não conseguiram chegar de noite, no outro dia pela manhã, vieram.

 

Sobre a quantidade de policiais, efetivo e viaturas para que estejam fazendo o policiamento todos os dias, o tenente informou ter efetivo suficiente e não precisou realocar policiais para isso.

 

Quanto as ações de atentados à comunidade, o tenente diz acreditar que este trabalho esteja sendo feito pela civil.

 

“Acredito que a polícia civil judiciária venha fazer o devido levantamento, investigação precisa, para a gente chegar até a punição dos responsáveis. Nós, enquanto polícia militar, é proporcionar o policiamento ostensivo preventivo e dar a cada um a sensação de segurança”.

 

A PM também pede que a comunidade ajude com registros possíveis sobre os ataques e passou os canais de comunicação do 13º BPM à população para que possam acionar as viaturas em caso de novos ataques.

 

Área disputada

A área é disputada judicialmente por comunidade tradicional e fazendeiros em pelo menos duas ações de reintegração de posse conhecidas. Uma delas, desde 2017, que disputa o chamado Lote 173, e outra ajuizada em março deste ano, que disputa o chamado Lote 172, do Loteamento Caracol, às margens do Rio Soninho e Rio Preto.

 

A comunidade se autodeclarou quilombola e apresentou documentação à Fundação Cultural Palmares em busca de certificação como quilombolas, em processo ainda não finalizado.

 

No último final de semana, um incêndio de origem criminosa foi registrado na noite de domingo, 24, em uma residência de palha. Na região vivem mais de 40 famílias, que estão aterrorizadas. Disparos de arma de fogo também foram feitos nas proximidades das casas.

 

No último dia 26, a Justiça Estadual remeteu as ação de reintegração de posse que tramita desde 2017 para a 1ª Vara da Justiça Federal em Palmas. 

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