Em um sinal de bom senso contra a pandemia do coronavírus, 83% dos brasileiros dizem concordar que as pessoas têm o dever de respeitar protocolos de segurança e usar máscaras de proteção contra a Covid-19.

A adesão foi medida em pesquisa de opinião do Ibope. O apoio é maior entre mulheres, brasileiros que se declaram à esquerda no espectro político e nas regiões Sul e Sudeste. Nenhum subgrupo predominou no recorte por faixa de renda. A pesquisa ouviu 2.626 indivíduos pela internet e restringiu-se às classes A, B e C.

A pesquisa captou a divisão ideológica no país: 71% dos entrevistados disseram que a Covid-19 teve um impacto pior do que se esperava no Brasil, e o peso da culpa foi da própria população (38%) e do presidente Jair Bolsonaro (33%).

A maioria dos entrevistados (59%) acredita que a epidemia vai influenciar os resultados das eleições municipais de novembro. Enquanto 58% avaliam que a ciência será mais valorizada após a crise sanitária.

O levantamento indicou ainda que 72% dos entrevistados defendem esperar o desenvolvimento de uma vacina para permitir o retorno às aulas presenciais.

Palavra de especialista: a combinação de polarização, desinformação e resistência do governo federal para tomar medidas urgentes criou um cenário de tempestade perfeita no país, segundo médicos, cientistas e pesquisadores em saúde. “O Brasil é o país onde tudo deu errado”, afirma Deisy Ventura, da USP. “Sofremos desnecessariamente”, corrobora Maria Amélia Veras, do Observatório Covid-19BR.

Outro olhar: nem mesmo a Covid-19 conseguiu aproximar um país tão polarizado politicamente, constata Márcia Cavallari Nunes, CEO do Ibope, em artigo. Independentemente do tamanho dos grupos definidos como esquerda, centro e direita, “são nítidas as diferenças de opinião nestes três segmentos em relação à pandemia”.

Panorama: o país teve ontem, em meio ao feriado de 7 de Setembro, o menor número de mortes registradas desde 3 de maio, 315 óbitos. Também foram notificados 9.992 novos casos de Covid-19, elevando o total para 4.147.598. O Brasil foi superado em número de contágios pela Índia , que alcançou 4.280.422 casos e, agora, é o segundo país mais afetado pela pandemia.

O Globo