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Dólar volta a operar em forte alta e encosta em R$ 3,50
11/11/2016 16:27 em Notícias

Após a disparada de 5% de ontem, o dólar comercial tem valorização de 3,5%, cotado a R$ 3,476, com estrangeiros desmontando posições, comprando divisa e remetendo recursos para o exterior. A valorização se mantém mesmo após o leilão, feito pelo Banco Central pouco antes do meio-dia, de 15 mil contratos de swap tradicional (US$ 750 milhões), equivalente à venda futura de dólares. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em queda de 1,45%, a 60.318 pontos.

— O leilão foi de rolagem não tem grande impacto no mercado. É apenas a primeira ferramenta a ser usada. O próximo passo, se o BC julgar necessário, é leilão de swaps novo, ou seja, de dinheiro novo — diz Ítalo Abucater, gerente de câmbio da Icap do Brasil, destacando que o mercado brasileiro segue o global, com maior estresse após o horário de abertura dos negócios nos EUA, por volta de meio-dia no horário local. — Os movimentos se acentuam a partir daí.

O especialista lembra que o “ataque” às moedas é global, com receios das tendências protecionistas do novo presidente americano. Abucater frisa ainda que, antes da vitória de Trump, o real tinha uma “gordura” em relação a outros emergentes, mas o diferencial, agora, já é pequeno. A rúpia, da Indonésia, caiu 3%, para seu menor patamar em cinco meses, levando o BC do país a intervir. O ringgit, da Malásia, perde 1,44% e está no menor nível desde janeiro. A rúpia indiana perdeu 0,7%, ao menor valor em mais de dois meses, e o BC do país passou a vender dólares. O peso mexicano perdeu 2,62% Outros emergentes também recuam: o o won sul-coreano, o randi sul-africano e o zloty polonês caíram mais de 1%.

Ontem, ainda sob o efeito da vitória de Donald Trump na corrida presidencial americana, o dólar teve forte valorização e chegou a avançar 5,6%, a R$ 3,391, para ceder um pouco no fim dos negócios e fechar a R$ 3,360, com alta de 4,64%. Foi a maior alta da moeda desde 22 de outubro de 2008, quando disparou 6,68% no meio da crise financeira global. A última vez que a moeda americana alcançou este patamar foi em 27 de junho, quando encerrou o dia em R$ 3,393. Diante da possibilidade de elevação de juros nos EUA, que significaria fim da linha para o dinheiro barato que vinha ajudando a fortalecer moedas de países emergentes como o real brasileiro, investidores passaram a retirar seus recursos do país. Além disso, houve fluxos de saída para cobrir prejuízos em outras partes do mundo.

No mercado de títulos, a alta dos juros americanos já começou a ocorrer. O rendimento dos Treasuries de dez anos, título do Tesouro dos EUA, saltou do patamar de 1,8% na segunda-feira, quando o mercado apostava na vitória de Hillary Clinton, para mais de 2%. “As taxas estão subindo devido ao aumento das expectativas inflacionárias após a vitória de Trump”, disse Georgette Boele, estrategista do ABN Amro Bank, à Bloomberg News.

Na Bovespa, Petrobras opera em queda, depois de anunciar prejuízo. As ações ON (ordinárias, com direito a voto) perdem 1,78%, a R$ 17,03, e as PN (preferenciais, sem direito a voto), 3,03%, a R$ 15,03.

O setor bancário, o mais importante do Ibovespa, tem um dia de perdas. Banco do Brasil perde 3,2%. Bradesco, 1,4%. Itaú, 1,25%.

Beneficiada pela alta do dólar no Brasil e a disparada do minério de ferro no mercado internacional, Vale tem alta alta de 2,08% (ON) e 2,48% (PN). O minério de ferro avançou 7,68% no porto de Qingdao, na China. Em cinco dias, a commodity acumula ganho de 22,78%.

Grandes exportadoras continuam subindo na esteira da disparada do dólar. Suzano avança 5,89%. Fibria, 4,77%. Klabin, 2,14%.

Ontem, a Bolsa brasileira fechou com desvalorização de 3,2%, maior recuo em dois meses. Com a depressão que se seguiu à vitória de Trump, o valor de mercado das empresas listadas caiu R$ 71,6 bilhões. Na quarta-feira (9), elas somavam R$ 2,46 trilhões. Ontem, fecharam com valor de R$ 2,39 trilhões, conforme a provedora de dados Economática.

Nos EUA, o Dow Jones cai 0,23%, após atingir recorde ontem. O S&P perde 0,4%. Na Europa, as bolsas têm sinais mistos. O FTSE 100, de Londres, perde 1,34%. O CAC 40, de Paris, recua 0,67%. O Dax, de Frankfurt, ganha 0,41%.

INTERVENÇÃO DO BANCO CENTRAL

Depois do fechamento do mercado, ontem, o BC anunciou a retomada das intervenções no mercado, interrompidas para evitar pressão adicional no câmbio. A autoridade monetária voltará a ofertar contratos de swap cambial tradicionais, que equivalem a uma venda de moeda americana no mercado futuro e, por isso, funcionam com um seguro contra a alta nas cotações. No entanto, a autarquia indicou que isso é momentâneo, e a estratégia de zerar os estoques de swaps no mercado continua.

Até a eleição americana, o BC colocava swaps reversos para evitar queda excessiva do dólar. Desde o pleito americano, contudo, esse tipo de leilão foi suspenso. Agora, o BC vai renovar US$ 6,5 bilhões de contratos que venceriam em 1º de dezembro. “Vencem nessa data o montante equivalente a US$ 6,49 bilhões. Caso a rolagem seja integral, o estoque de swaps cambiais será mantido em um valor equivalente a US$ 24,106 bilhões”, afirmou a autarquia em nota.

A estratégia do BC era zerar esse estoque. No ano passado, o BC chegou a ter R$ 426,8 bilhões em swaps tradicionais no mercado. Atualmente, esse valor é de R$ 93,8 bilhões. Para diminuir, o Banco Central aproveitou a queda do dólar para oferecer swaps reversos e não rolar os contratos antigos. Por isso, a queda foi tão rápida.

MERCADOS ASIÁTICOS

Os mercados chineses atingiram nova máxima de dez meses nesta sexta-feira, com a alta nos setores de matérias-primas e infraestrutura ajudando a elevar a confiança em todos os setores. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 0,78% e o índice de Xangai também teve alta de 0,78%, para 3.196 pontos, a máxima desde 8 de janeiro. Essa foi a quinta semana seguida de alta, com crescente convicção de que a economia chinesa está se estabilizando. O iuan chinês se enfraqueceu pelo segundo dia consecutivo e os operadores se preparam para uma maior depreciação em meio à crescente incerteza sobre as políticas dos EUA, particularmente em relação ao comércio com a China.

Vendas generalizadas atingiram o restante da região, com os investidores temendo que juros mais altos nos EUA com Trump provoquem saídas de capital da região.

O índice MSCI, que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão, recuava 1,64%. Em Tóquio, o Nikkei avançou 0,18%. Em Hong Kong, o Hang Seng caiu 1,35%.

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