Em Canaã dos Carajás: 84 denunciados por fraudes em licitações fantasmas.
Written by Henrique Gonzaga on 15 de abril de 2025
Em Canaã dos Carajás: 84 denunciados por fraudes em licitações fantasmas.
Maior escândalo de corrupção da história de Canaã dos Carajás
O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) denunciou 84 pessoas por envolvimento em um esquema criminoso que operou durante dez anos em Canaã dos Carajás. Trata-se de um dos maiores casos de corrupção já registrados no município. As acusações envolvem fraudes em licitações, lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos entre 2014 e 2024.
Esquema atingia setores estratégicos da gestão municipal
De acordo com o MPPA, a organização criminosa atuava de forma estruturada em diferentes áreas da administração pública, especialmente nos setores de obras, saúde, educação e serviços administrativos. O grupo fraudava licitações, superfaturava contratos e desviava verbas públicas por meio de empresas de fachada.
Organização contava com núcleos político, empresarial e operacional
Segundo as investigações, o esquema funcionava através de núcleos interligados. Em primeiro lugar, o núcleo político articulava contratos e direcionava licitações. Por sua vez, o núcleo empresarial operava as empresas fictícias. Enquanto isso, servidores públicos validavam documentos falsos, homologavam processos e liberavam pagamentos irregulares. Por fim, o esquema utilizava laranjas para esconder os verdadeiros beneficiários dos recursos.
Nomes envolvidos e modus operandi
Dentre os denunciados, figuram ex-vereadores, ex-secretários municipais, empresários e funcionários públicos. Especificamente no núcleo político, a liderança ficava a cargo de Ailson Ferreira, Roberto Andrade e Zilmar Costa. Já no núcleo empresarial, sobressaíam-se Gilvan da Van, encarregado das finanças ilícitas, e Flávio César Dias, que manipulava contratos de informática e papelaria.
Para ocultar seus crimes, os investigados criaram empresas de fachada em nome de parentes, empregados domésticos e até pessoas de baixa renda. Apesar disso, muitas dessas empresas sequer possuíam sede física, estrutura ou funcionários, mesmo assim, conseguiam contratos milionários com a prefeitura.
Provas e operação policial
Conforme comprovado pelas investigações, interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça flagraram conversas sobre pagamento de propina e divisão de valores desviados. Em um dos diálogos mais reveladores, um empresário pressiona um servidor para acelerar um processo fraudulento: “Tá bom, pregoeiro. Tá fazendo é ata já?”
Como resultado dessas provas, a investigação levou à deflagração da Operação Locus II – Fase Terra Comprometida, em agosto de 2024. Durante a ação, a polícia cumpriu 27 mandados de busca e apreensão, nos quais apreendeu 565 mil reais em espécie, 17.670 euros em dinheiro vivo, além de mais de 300 mil reais em cheques, armas, munições, documentos e equipamentos eletrônicos.
Lavagem de dinheiro e blindagem institucional
Segundo as investigações, parte dos recursos desviados foi reinvestida em imóveis rurais, veículos de luxo e empresas adquiridas para mascarar a origem ilícita dos valores. Além disso, o MPPA identificou que os criminosos usaram filhos de políticos, ex-esposas, sobrinhos e até um pedreiro como sócios “laranjas” em construtoras envolvidas no esquema.
Graças a essa sofisticada estrutura, uma rede de proteção sustentou a organização criminosa por dez anos, sistematicamente burlando fiscalizações e ocultando os crimes.
Crimes e responsabilização
Quanto às responsabilizações, os denunciados responderão pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, fraude em licitação e lavagem de dinheiro. Atualmente, as ações penais tramitam na Vara Criminal de Canaã dos Carajás.
Em contrapartida, o MPPA arquivou a investigação contra Carlinhos da Funcel na Operação Locus 2. Conforme divulgado pelo órgão, o Ministério Público do Estado do Pará, por meio do GAECO, concluiu as investigações e solicitou o arquivamento do processo para diversos citados, entre os quais Antônio Carlos da Silva Ribeiro, conhecido como Carlinhos da Funcel.
Ausência de provas encerra investigação
A operação, deflagrada em agosto de 2024, apurava possíveis irregularidades na administração pública. Os promotores concluíram meses de investigações, mas não encontraram provas que vinculassem Carlinhos aos crimes.
MPPA fundamenta arquivamento
Segundo o parecer oficial, com base no artigo 28 do Código de Processo Penal, o MPPA considerou que “não há justa causa para continuidade das investigações”, nem novas diligências a serem executadas no momento. O documento também destaca que a reabertura do caso só poderá ocorrer caso surjam novas evidências, o que até agora não aconteceu.
Inocência reconhecida oficialmente
A decisão representa um ponto de virada para Carlinhos da Funcel, que teve seu nome vinculado à operação sem qualquer comprovação. O MPPA formalmente excluiu outros investigados do processo, confirmando que não participaram dos crimes apurados.
MPPA destaca atuação imparcial
O Ministério Público ressaltou que a medida demonstra o rigor técnico e a imparcialidade do órgão na condução de investigações que envolvem agentes públicos. O arquivamento reforça o compromisso institucional com a justiça baseada em provas, não em suposições.
Fonte: Portal Parauapebas