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No Pará, produção pesqueira alcança aumento expressivo, aponta Fapespa.

Written by on 9 de abril de 2025

No Pará, produção pesqueira alcança aumento expressivo, aponta Fapespa.

Foto: Marco Santos/ Agência Pará


Tradição Alimentar e Crescimento da Aquicultura no Pará

A tradição alimentar do Pará, centrada no consumo de peixes, reflete a ampla diversidade e abundância de espécies aquáticas presentes na Amazônia. Além dos peixes nativos dos rios da região, a aquicultura, atividade que envolve a criação de organismos aquáticos, tem se consolidado como um pilar importante desse cenário. Nos últimos dez anos, a produção aquícola no estado triplicou e continua apresentando um crescimento notável. Essas e outras informações estão reunidas na edição 2024 do “Boletim da Agropecuária”, elaborado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). O documento traça um panorama da situação econômica das atividades pesqueiras e de aquicultura no Pará, com o intuito de contribuir com o debate atual sobre o desenvolvimento desse setor no estado.

Falta de Dados e Ênfase na Aquicultura

Além disso, o estudo também supre, ainda que parcialmente, a escassez de dados sobre a pesca, provocada pela interrupção na divulgação de informações sobre a produção pesqueira no Brasil por órgãos como o Ibama e o Ministério da Pesca, desde 2011. Essa ausência de dados, por conseguinte, dificultava a formulação de políticas públicas voltadas ao setor pesqueiro. Diante disso, a nota técnica concentra-se na aquicultura, por ser o único segmento do pescado paraense oficialmente registrado pelo IBGE, o que permite, assim, uma análise mais confiável da produção de peixes, moluscos e crustáceos em sistemas de cultivo.

Potencial Produtivo e Apoio Governamental

“De acordo com Marcel Botelho, presidente da Fapespa, o Pará possui, portanto, um vasto potencial tanto na pesca quanto na aquicultura. Ele ressalta, ainda, que o levantamento feito pela fundação evidencia como esse potencial vem sendo aproveitado com o apoio do governo estadual, seja por meio de incentivos, melhorias na infraestrutura ou por linhas de crédito como o Plambio. Além disso, a própria Fapespa contribui diretamente para o desenvolvimento do setor ao incentivar pesquisas, tecnologias e inovações que ampliam a produtividade  o que, por conseguinte, também se aplica à aquicultura.

Avanço da Produção Aquícola (2013–2023)

Entre 2013 e 2023, a produção de pescado no Pará saltou de 5,1 mil para 16,3 mil toneladas, alcançando uma taxa média de crescimento anual de 15,7%, superior à média brasileira. Com isso, a participação do estado na produção nacional passou de 1,1% para 2,1%. O município de Paragominas liderou como maior produtor aquícola, com 3,3 mil toneladas, o que correspondeu a 20,2% do total estadual. Na sequência estão Marabá (1,1 mil t), Conceição do Araguaia (1 mil t), Altamira (0,9 mil t), Ipixuna do Pará (0,9 mil t), Uruará e Novo Repartimento (0,7 mil t cada), Ulianópolis (0,5 mil t), Xinguara e São João do Araguaia (0,4 mil t cada). Ipixuna do Pará teve destaque em 2023 com um crescimento expressivo de 100,7% na produção, impactando diretamente o crescimento médio estadual de 14,6%.

Espécies Cultivadas na Aquicultura Paraense

Em relação às espécies cultivadas, o tambaqui foi o principal produto da aquicultura paraense em 2023, representando 56,8% da produção, com 9,3 mil toneladas — 15,7% a mais que no ano anterior. Em segundo lugar aparece o tambacu ou tambatinga, híbrido de tambaqui com pacu-caranha, com 4,2 mil toneladas e um crescimento anual de 19,2%. Outros peixes cultivados foram tilápia (0,9 mil t), matrinxã (0,5 mil t), pirapitinga (0,3 mil t), e espécies como piau, piapara, piauçu e piava (0,2 mil t), além de pintado, cachara, cachapira, surubim, jatuarana, piabanha, piracanjuba, camarão e pirarucu — esses juntos representaram mais de 98% da produção aquícola do estado.

Importância do Boletim e Sustentabilidade da Atividade

Segundo Márcio Ponte, diretor do estudo, o Boletim Agropecuário 2024 é, portanto, essencial para embasar políticas públicas e decisões de investidores. Ele ressalta ainda que o Pará sempre teve uma forte tradição na pesca, sendo, em tempos anteriores, um rival direto de Santa Catarina em volume de produção. Com o avanço da aquicultura, por sua vez, o estado conseguiu triplicar suas exportações de pescado nos últimos 24 anos, o que tem promovido geração de renda, empregos e ocupações de forma sustentável, cenário esse respaldado por políticas públicas como a do defeso. Dessa forma, a atividade está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente o ODS 14, que trata da vida abaixo d’água.

Crescimento das Exportações de Pescado

As exportações de pescado do Pará também triplicaram entre 2000 e 2023, passando de 57 mil para 59,8 mil toneladas. Com isso, a participação do estado nas exportações brasileiras do setor cresceu de 6,6% para 16,1%. No último ano, cinco municípios paraenses foram responsáveis pelas exportações do setor. Belém se destacou como o maior exportador, com 63,6% do volume estadual (6 mil t), seguido por Augusto Corrêa (17,2%) e Bragança (10,1%).

Principais Produtos Exportados

Cinco produtos representaram mais de 90% das exportações em 2023, sendo o principal deles o grupo de peixes congelados (exceto filés), com 44,7% das exportações do estado, equivalente a 4,3 mil toneladas. O pargo congelado foi o segundo item mais vendido ao exterior, respondendo por 28,6%.

Crescimento dos Negócios Formais no Setor

Além dos dados sobre a produção e exportação, o estudo também avaliou a quantidade de negócios formais envolvidos na cadeia do pescado paraense, considerando esse número como um importante indicador da dinâmica produtiva. Nesse sentido, entre 2006 e 2023, o número de empreendimentos cresceu 81,4%, totalizando 390 estabelecimentos formais.

Distribuição Setorial dos Empreendimentos

Além disso, esses estabelecimentos estavam, em 2023, majoritariamente distribuídos entre três setores econômicos: comércio (65%), agropecuária (23%) e indústria (12%). No que diz respeito às atividades comerciais, o ‘Comércio Varejista de Artigos de Caça, Pesca e Camping’ se destacou, liderando com 28,2% dos empreendimentos, o que evidencia o protagonismo do comércio na cadeia produtiva do pescado.

Atividades de Destaque na Indústria e Agropecuária

Na indústria, a principal atividade foi a “Preservação de Peixes, Crustáceos e Moluscos”, representando 7,2% dos empreendimentos. Na agropecuária, destacou-se a “Pesca de Peixes em Água Salgada”, com 7,9% de participação. Esses dados mostram a diversidade dentro da cadeia produtiva e o papel central do comércio nesse setor no Pará.

Municípios com Maior Concentração de Empreendimentos

Por fim, em 2023, dez municípios concentraram 75% dos empreendimentos ligados à cadeia do pescado. Dentre eles, Belém se destacou como líder, com 138 estabelecimentos , o equivalente a 35,4% do total estadual — e apresentou um crescimento de 2,2% em relação ao ano anterior, superando, portanto, a média estadual de 2,1%. Além da capital, outros municípios relevantes foram Bragança, Vigia, Santarém, Ananindeua, Marabá, Altamira, Curuçá, Augusto Corrêa e Itaituba.

Fonte: Agência Pará


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