Ministério Público resgatou trabalhadores em condições análogas à escravidão na fábrica da BYD em Camaçari (BA).
Escrito por Henrique Gonzaga em 24 de dezembro de 2024
Ministério Público resgatou trabalhadores em condições análogas à escravidão na fábrica da BYD em Camaçari (BA).
Força-tarefa do Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT) resgatou 163 trabalhadores em condições análogas à escravidão e suspendeu parte das obras de construção de uma fábrica da montadora BYD em Camaçari, na Bahia. Segundo comunicado pelo MPT na segunda-feira (23), os operários estavam em condições precárias, dormindo em camas sem colchões e com apenas um banheiro para cada 31 pessoas.
A princípio, os alojamentos possuíam camas sem colchões, apenas com uma fina tábua de madeira, e armazenavam os alimentos sem higiene adequada. De acordo com o MPT, em um dos alojamentos havia, apenas um banheiro para 31 trabalhadores. Além disso, vídeos gravados pelas equipes de fiscalização mostram a situação.
Todavia, a Jinjiang Group, uma das empreiteiras contratadas para a obra, participará de uma audiência com o Ministério do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho na quinta-feira (26) para apresentar providências para regularizar a situação.
“As condições encontradas nos alojamentos revelaram um quadro alarmante de precariedade e degradação. No primeiro alojamento da Rua Colorado, os trabalhadores dormiam em camas sem colchões, não possuíam armários para seus pertences pessoais, que ficavam misturados com materiais de alimentação. A situação sanitária era especialmente crítica, com apenas um banheiro para cada 31 trabalhadores, forçando-os a acordar às 4h da manhã para formar fila e conseguir se preparar para sair ao trabalho às 5h30 da manhã”, diz o Ministério Público do Trabalho.
Por fim, a nota do MPT afirma que as instalações ficarão interditadas até a “completa regularização” da situação com os órgãos que compõem a força-tarefa.
Entenda
O Ministério Público do Trabalho (MPT) iniciou a investigação em 30 de setembro após receber uma denúncia anônima sobre as condições de trabalho na fábrica da BYD em Camaçari, Bahia. Desde então, o MPT vem coletando informações para elaborar uma proposta de ajuste de conduta ou, se necessário, uma ação judicial. Em 11 de novembro, o MPT realizou uma inspeção no local da obra e solicitou documentos à BYD e a outras três empresas contratadas para a obra: Jinjiang Group, Open Steel e AE Cor. Esses documentos incluíam cópias de contratos de trabalho, vistos para trabalhadores estrangeiros e planos de prevenção de acidentes.
Fonte: Poder 360