MENU
Polícia indicia 210 presos por massacre em presídio de Manaus
02/09/2017 05:40 em Notícias

Investigação confirma briga entre facções por domínio de unidades prisionais do estado

 

 

 

Nove meses depois da rebelião que deixou 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, a Polícia Civil do Amazonas concluiu o inquérito e indicou 210 detentos por participação no massacre. Os delegados que participaram das investigações confirmaram que a briga entre duas facções criminosas em busca do domínio dentro de presídios do estado provocou as mortes.

 

 

Cerca de 350 pessoas foram ouvidas nas investigações. O delegado Ivo Martins, coordenador da investigação, informou que a polícia utilizou imagens de câmeras de segurança da unidade prisional e exames de DNA na apuração das mortes:

 

 

Entrada do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em ManausGoverno pagou R$ 5,1 milhões por sistema de dados sobre presos que não funcionou

 

Policiais militares fazem a segurança do Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, durante visitaInspeções em presídios apontam persistência de domínio de facções.

 

— O conjunto fático de inquéritos trabalhou com várias situações, 210 foram indiciados, mas nós ouvimos vítimas de constrangimento, tortura e outros tipos de procedimentos. Ouvimos agentes de ressocialização e autoridades em relação a isso. Enfim, é uma gama muito grande de informações que obtivemos, de testemunhas, de detentos, até dos indiciados, informações sigilosas e confidências, inclusive de outros estados, que nos fez compreender como esse evento aconteceu — disse Martins, em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira.

 

 

Segundo os investigadores, a ordem para o massacre partiu de José Roberto Fernandes Barbosa, líder da facção Família do Norte que cumpre pena em Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Dois detentos do Compaj teriam recebido a ordem e coordenado o ataque aos integrantes da facção rival. Ao todo, nove presos participaram do massacre.

 

 

— Nos autos temos relatos de testemunhas oculares informando que foi lida uma carta em reunião, dentro de uma das celas do Compaj, determinando, especificamente, como se daria o massacre. Foi estabelecido que, a partir da última visita daquele dia, eles entrariam em campo, invadiriam a portaria e fariam reféns para que não houvesse o controle estatal e começariam a chacina propriamente dita — disse a delegada Emília Ferraz.

 

 

Os policiais apuraram que a rebelião começou às 15h59m de 31 de dezembro, com a rendição de agentes penitenciários no pavilhão três do Compaj. Houve troca de tiros com policiais militares. O objetivo dos presos era ter acesso à área onde ficavam os presos considerados vulneráveis e os integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, de São Paulo. Vinte e três presos do grupo paulsta foram mortos neste pavilhão.

 

 

— Os detentos escreveram a sigla FDN nas paredes com sangue das vítimas para representar a vitória da facção. Membros do PCC atearam fogo em colchões nas entradas das celas para tentar impedir que os integrantes da FDN conseguissem entrar nos espaços. Alguns detentos do PCC tentaram fugir por uma janela, de uma das celas, que foi serrada, mas foram alcançados pelos presos da FDN e foram mortos — afirmou o delegado Tarson Yuri.

 

COMENTÁRIOS