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Professor da Uepa denuncia coação policial dentro da Instituição de Ensino
25/10/2018 23:37 em Notícias

 Aluna teria se sentido ofendida com a conduta pedagógica do docente

 

O professor Mário Jorge Brasil Xavier, coordenador do curso de Ciências Sociais do campus de Igarapé-Açu da Universidade do Estado do Pará (Uepa), foi interrogado de forma ríspida, ontem à tarde, por volta das 16h, por policiais militares que exigiram esclarecimentos do teor ideológico de um minicurso sobre a utilização de mídias digitais, que ele ministrava em uma sala do campus da universidade.

Durante o registro do boletim de ocorrência, na tarde desta quinta-feira (25), Mário contou à redação integrada de O LIBERAL que, durante o minicurso, solicitou aos alunos que estavam fotografando seus slides, em tom de brincadeira, que não fizessem fake news com as imagens. Com isso, uma das alunas se ofendeu, entendendo como indireta à sua pessoa e se retirou da sala.

O pai da aluna entrou na universidade acompanhado de policiais que abordaram o docente e o coagiram a se apresentar na delegacia para prestar esclarecimentos. O professor se recusou e informou que somente compareceria à unidade policial acompanhado de seu sindicato e advogados, no esforço de tentar o diálogo entre os presentes. Diante da argumentação de Mário Jorge, os policiais desistiram da ação.

"Isso demonstra um certo abuso das autoridades policiais em uma situação que poderia ter sido evitada e que não necessitava de ostensividade com que foi conduzida. Não houve nenhum tipo de pressão física, mas um policial armado com pistola e fuzil é uma afronta em um local de trabalho onde ninguém tem armas, só livros e mídias digitais", comentou Mário.

Em nota, a Seção Sindical dos Docentes da Uepa (Sinduepa/Andes-SN) manifestou seu repúdio à ação policial. "Consideramos inadmissível que temas relativos à conjuntura nacional, tais como, as notícias falsas (Fake News), tenham sido objeto de denúncias e ao mesmo tempo servido de motivação para ação policial que visou intimidar e coagir o docente e os estudantes que se encontravam no local", afirmou a nota.

A Universidade do Estado do Pará também se manifestou em nota e informou que "está apurando as circunstâncias da ocorrência, a fim de adotar as providências legalmente cabíveis. A instituição reafirma seus valores institucionais, sobretudo os de princípios humanitários, e repudia a vivência de qualquer outra cultura que cerceie direitos, gere constrangimentos e agressões.

A Procuradoria Jurídica e Administração Superior, de posse do conjunto de informações, definirá os novos passos que serão dados no equacionamento dessa questão".

O Diretório Acadêmico da Uepa, Campus X (Igarapé-Açu), também divulgou uma nota em que repudia a ocorrência. "Repudiamos toda e qualquer forma de violência, preconceito ou discurso de ódio que venha nos oprimir, devemos respeitar a pluralidade de pensamentos sem ferir a dignidade humana. Não só na universidade, mas, em todos os espaços - sejam eles públicos ou privados - não devemos deixar que retirem nossa liberdade de expressão, não podemos deixar que nossos direitos sejam cerceados", destacou em um trecho da nota.

A reportagem solicitou, nesta tarde, uma nota de esclarecimento à Polícia Militar, mas a corporação ainda não se manifestou.

 

Fonte: ORM

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