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Vestibular UFPA: mesmo com a divulgação dos aprovados, ação judicial prossegue
31/01/2019 00:31 em Notícias

Universidade tem prazo de 60 dias para apresentar contestação

Com informações do Ministério Público Federal

Apesar do efeito suspensivo, concedido pelo Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF1) em Brasília, a ação judicial que discute o processo seletivo 2019 da Universidade Federal do Pará terá prosseguimento na Justiça Federal em Belém.

O efeito suspensivo autorizou a divulgação da lista de aprovados, mas não resolveu o mérito do processo judicial, em que o Ministério Público Federal (MPF) questiona o critério de fracionamento de vagas para parte dos cursos da instituição.

O recurso apresentado pela UFPA ao Tribunal foi um agravo de instrumento, que questiona a decisão liminar (provisória ou urgente) concedida pelo juiz Henrique Jorge Dantas da Cruz.

Esse tipo de recurso não discute o mérito da ação civil pública, que pretende obrigar a universidade a não fracionar as vagas disponíveis por semestre de entrada, como vinha sendo feito em três cursos desde 2015 e passou a ser feito em 16 (de acordo com a informação dada pela UFPA) a partir de 2019, incluindo os mais concorridos como engenharia, medicina, direito e odontologia.

A discussão sobre o mérito prossegue na primeira instância do judiciário federal e, na etapa atual, está correndo o prazo de 60 dias úteis para que a UFPA apresente sua contestação aos argumentos do MPF.

Após a contestação, a Justiça poderá sentenciar o processo, o que significa resolver a questão do fracionamento. Quanto mais demorar a contestação, mais demorará a decisão final.

O MPF entende que o fracionamento das vagas prejudica os candidatos porque permite que alunos com notas maiores sejam excluídos em favor dos que tiveram classificação pior.

A UFPA não aceitou um acordo para que a demanda fosse resolvida antecipadamente, em audiência de conciliação realizada no último dia 28/01 e preferiu recorrer à segunda instância, em Brasília, para divulgar a lista de aprovados.

Após a divulgação dos aprovados, alunos que se sentiram prejudicados pelo critério já estão procurando o MPF com dúvidas; Estudantes que queiram registrar alguma reclamação a respeito podem fazê-lo presencialmente, nas sedes do MPF onde existem campi da UFPA (endereços abaixo), pela internet ou pelo aplicativo gratuito "SAC MPF", disponível em Android e iOS.

A reportagem entrou em contato com a UFPA, mas o posicionamento da instituição somente deverá ocorrer nesta sexta-feira (31).

ntenda o casoA posição do MPF é de que o fracionamento de vagas pela UFPA cria uma distorção que pode prejudicar os candidatos. Pelo fracionamento, cada estudante deveria optar, no ato da inscrição, por uma das turmas disponíveis. Com isso, é concreta a possibilidade de que estudantes sejam excluídos apenas por terem escolhido uma turma mais concorrida; enquanto na segunda turma, outros sejam aprovados com notas inferiores.

O problema efetivamente ocorreu em anos anteriores, quando a UFPA já aplicava a regra do fracionamento das vagas para três cursos.

O MPF verificou em sua investigação que candidatos foram rejeitados em uma turma, mesmo alcançando notas maiores que os aprovados da turma seguinte. Como eles não tinham o direito de optar posteriormente pela entrada no 2o semestre, ficaram sem vaga na universidade, ainda que tivessem nota superior a candidatos aprovados para o ingresso posterior. 

Os quantitativos de inscritos por semestre em alguns dos cursos mais concorridos em 2019 comprovam o problema criado pelo critério do fracionamento. Em medicina, por exemplo, para o campus de Altamira, a turma do segundo semestre tinha 128 concorrentes a mais do que a do primeiro (48% a 52%); no mesmo curso, em Belém, a distorção se repete, com 718 inscritos a mais na turma do primeiro semestre (56% a 44%).

Em odontologia, quem optou pela primeira turma enfrentou 368 concorrentes a mais do que os optantes pela segunda (67% a 33%). No direito, em Belém, a relação entre as turmas era de 57% dos candidatos em uma, contra 43% na seguinte, 239 candidatos a mais concorrendo pelas mesmas vagas.

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