O bordão "a mamata vai acabar" se consolidou a partir da ignorância, mas retratou a sede de vingança de quem ganha mal e não consome cultura
Marcada para o próximo fim de semana, a Virada Cultural 2019 anunciou sua programação. Serão 1.200 atrações "gratuitas", segundo a prefeitura de São Paulo. Só que não é bem assim. Neste ano, o orçamento do evento é de 18,6 milhões de reais. Dinheiro público. E os critérios para a distribuição dessa verba são tão desconhecidos quanto alguns dos artistas que receberão cachês igualmente polêmicos – como o alcance e a relevância de seus talentos.
"Essa mamata vai acabar" foi o bordão que colocou no chão de fábrica a cultura e os artistas deste país. Por falta de conhecimento de muitos e má-fé de alguns, a Lei Rouanet (e seus valores aparentemenete astronômicos) se tornou a maldita Geni do debate sobre as artes no Brasil. Pouco provável que a sede de vingança de quem ganha mal, trabalha muito e não frequenta teatros e exposições tenha sido aplacada com a iminente morte desse modelo de financiamento.
No caso da Virada Cultural, há a sensível diferença de o sucesso de público ser visível a olho nu: como nos anos anteriores, são esperados até 5 milhões de pessoas. Portanto, seria preventivo e profilático que as multidões espalhadas pelo Anhangabau, Praça da República, Parque da Luz e um ou outro ponto mais efervescente da cidade soubessem como seus impostos se transformam em cachês.
Eu, pessoalmente, tenho dificuldade em valorar (e valorizar) determinados artistas da lista abaixo. Mas confesso que, por mim, essa mamata podia acabar pra meia dúzia aí. Não é questão de gosto pessoal. Está mais para bom senso e discernimento.
Anitta: 300.000 reais
Pabllo Vittar: 100.000 reais
Karol Conka: 75.000 reais
Lucas Lucco: 100.000 reais
Naiara Azevedo: 120.000 reais
Anavitória: 100.000 reais
Criolo: 140.000 reais (duas apresentações)
Emicida: 140.000 reais
Fonte: R7.com