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Dona de escola chama estudante negro de macaco em sala de aula
24/11/2019 07:41 em Notícias

Família do adolescente procurou a polícia para denunciar a discriminação 

 

Em plena semana em que é celebrado o Dia da Consciência Negra, um aluno do 9º ano da Escola de Ensino Fundamental e Médio Disneylândia, localizada no conjunto Maguary, em Belém, passou por uma situação inacreditável de agressão por causa da cor de sua pele.

 

O adolescente negro, tem 16 anos, e segundo sua família denuncia, na quinta-feira, 21, ele estava em sala de aula, apresentando um trabalho junto com outros colegas, quando surgiram as agressões verbais da senhora que é proprietária da escola, conhecida como dona Zuca, de 71 anos.

 

Os familiares contam que durante a apresentação do trabalho em equipe na aula de Língua Portuguesa, a dona da escola entrou na sala de aula e resolver assistir ao desempenho dos estudantes. Quando o adolescente negro começou a apresentar sua parte no trabalho, dona Zuca teria feito gestos negativos com a cabeça e dito indiretas.

 

"Ainda bem que no ano que vem certas pessoas não vão está na escola, não quero essas figuras mais  na minha escola", teria dito a proprietária, na frente de todos os alunos e dos professores, segundo descreveu o tio do adolescente.

 

O estudante começou a questionar se as palavras eram para ele e os dois começaram a discutir, quando a dona da escola aos gritos proferiu: "macaco, gorila, viadinho", contou o tio.

 

"Ele pegou o material e se retirou de sala e ela (dona Zuca) o puxou pela camisa dizendo que ele não havia sido liberado e chegou a rasgar o uniforme do menino", complementou.

 

Na sala de aula havia dois professores, que presenciaram toda confusão junto com os outros alunos.  O diretor da escola não estava presente e os familiares do estudante foram chamados pela coordenação. "Minha tia foi chamada e recebida pela filha da dona Zuca e essas foram as orientações dadas pra ela: o aluno não tinha nada que responder de volta, a mãe dela é uma senhora de 71 anos, tem diabetes e outros problemas de saúde. Por isso, ele tinha de ouvir calado e respeitá-la", contou.

 

Como o diretor da escola não estava, a coordenação liberou o estudante de assistir aula no dia seguinte ao ocorrido e orientou que na segunda-feira, 25, a avó do estudante, deverá voltar para definir a situação escolar do adolescente. A coordenadora teria proposto à avó, que o adolescente volte apenas para fazer as provas finais, a partir da terça-feira, 26. Após a entrega das notas das avaliações o estudante será desligado da escola.

  

Muito abalados, os familiares decidiram denunciar à polícia a agressão racial sofrida pelo adolescente.  Eles procuraram a Delegacia de Combate a Crimes Discriminatórios, localizada na Cidade Velha, em Belém. Porém, lá a avó do garoto foi orientada a fazer a denúncia na próxima segunda-feira, na Delegacia de Proteção à Infância e Adolescência, sob a justificativa de que o garoto será assistido por uma psicóloga.

 

O mais impressionante de toda essa história grotesca contra um adolescente, é que a dona da escola que discrimina estudantes negros, também tem a cor preta, como se constata na foto abaixo:

 

"A mulher trabalha com educação e se escora na idade para agir de forma preconceituosa e truculenta", lamenta o tio do adolescente.

 

Orfão de pai e mãe, criado pela avó, o garoto negro sofre com prolema de bulliyng na escola, que tem afetado seu comportamento. Após esse episódio de discriminação racial e humilhação explícita, a situação dele piorou, segundo a família. "Ele tem estado diferente do normal nos últimos meses, foi marcado psicólogo para ele. Ele foi esta semana, o primeiro feedback que o psicólogo deu para mim foi: tira ele da escola que ele está", contou seu tio.

 

O estudante já havia se queixado diversas vezes que a dona da escola o humilha e nunca fazem nada pelo fato dela ser a proprietária da instituição.

 

A avó do garoto ouviu dos alunos que estavam na sala de aula na hora da agressão, que a situação se tornou rotineira e que "dona Zuca sempre ofende ele". 

  

Dagmar Valente é coordenadora do ensino fundamental e médio da Escola Disneylândia. Pelo telefone, ela admitiu ao Portal Roma News, que a proprietária da instituição realmente chamou o estudante negro de macaco.

 

Porém, segundo a coordenadora, a dona da escola "revidou ofensas verbais", que o estudante teria dito a ela. "Ele começou a falar que a escola não prestava e outras palavras que nem gosto de falar. Ela é uma pessoa idosa que foi desrespeitada", afirma Dagmar.

  

Segundo a coordenadora escolar, na semana que passou a instituição realizou vários eventos para debater sobre a Semana da Consciência Negra, inclusive, convidando escritores para interagir com os estudantes sobre os livros que escreveram referentes ao tema.

 

Dagmar afirma que o adolescente apresenta um comportamento rebelde, agressivo na escola e que por diversas vezes, a família dele foi chamada para conversar sobre a situação.

 

Ela admite que os colegas zombam da cor da pele do garoto, do cabelo e que o menino até já agrediu outro estudante por causa da discriminação racial. "Fizemos o afastamento dela (dona Zuca) da escola. Não estamos de acordo com o ocorrido. Estamos tentando resolver da melhor forma possível" assegura a coordenadora.

 

A escola vai proporcionar condições para o estudante fazer a quarta avaliação, a fim de que ele possa concluir o ensino fundamental, de acordo com a coordenadora. "É difícil lidar com adolescentes, lidar com agressividade", afirma a coordenadora escolar.

 

Racismo é crime previsto na Lei 7716/1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. O artigo 20 da lei, prevê: "Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa".

 

Fonte: romanews

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