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Casos ativos da Covid-19 é 8 vezes maior que o divulgado pela Sespa, apontam cientistas
25/04/2020 03:13 em Notícias

Estudo envolvendo pesquisadores de várias universidades foi citado em ação apresentada pelo MPF à Justiça Federal, pedindo mais rigor no isolamento social.

O número de casos ativos da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), pode ser cerca de oito vezes maior que o número oficialmente divulgado pela Secretaria de Saúde Pública (Sespa).

A constatação foi feita por estudo envolvendo pesquisadores de várias universidades, citada em ação apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça Federal, pedindo mais rigor no isolamento social.

Nsta sexta, o Pará registrou o pior índice de isolamento social, desde que começou a ser medido pelo governo.

De acordo com o MPF, o envio da análise reforça pedidos do órgão e da Defensoria Pública da União (DPU), com destaque à suspensão urgente de atividades não essenciais.

Por decreto estadual, serviços não essenciais como agência de viagens, barbearias e serviço de empregadas domésticas, por exemplo, estão permitidos em horários determinados pelo governo estadual.

O Pará ultrapassou 85 mortes e 1500 infectados pelo novo coronavírus, segundo boletim da Sespa nesta sexta.

O pedido foi feito em em caráter de urgência, "sem ouvir antes o Estado do Pará", devido ao colapso no sistema de saúde em Belém. A Justiça negou a urgência, segundo o MPF.

 

Estudo

O estudo "Covid-19: Um novo modelo Seir [Suscetível, Exposto, Infeccioso, Recuperado] para países em desenvolvimento – estudo de caso para a Região Metropolitana de Belém” aponta que somente após a redução de 80% da taxa de contaminação é que ocorre a redução de mortes e da demanda por leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

A pesquisa foi realizada por cientistas da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Segundo o MPF, os cientistas citam que as restrições do decreto estadual 609/2020 são importantes, mas "não o suficiente para atingir índices de isolamento social da população de 70% ou maiores, que são os níveis internacionalmente recomendados".

Eles alertam, ainda, que a urgência da ampliação do distanciamento social se torna mais evidente em momento em que há claro esgotamento do sistema de saúde do Pará. Belém chegou a ter 90% dos leitos ocupados, na última terça (21).

“Decisões como a proibição em larga escala das atividades não essenciais podem sim aumentar a eficácia do isolamento social e consequente redução da taxa de contágio”, cita.

Falta de testes ou rastreamento de contatos

Ainda no estudo, os cientistas criticam a falta de estratégia de testes ou de rastreamento de contatos. Segundo eles, ao lado do isolamento social, os testes em massa é essencial para enfrentamento à pandemia, permitindo obter métricas mais realistas dos casos confirmados e o isolamento efetivo de pessoas infectadas.

Pequenas aglomerações também são arriscadas

Na manifestação, o MPF cita que os limites de aglomerações permitidos no decreto, de até nove pessoas, em geral, e até dez pessoas em cultos e eventos religiosos, podem contribuir para o contágio.

De acordo com o estudo, é possível provar matematicamente que contágios em diferentes pequenos grupos de convívio podem contribuir para acelerar exponencialmente a curva de contaminação.

Os cientistas recomendam que não seja permitida aglomeração de qualquer natureza.

 

Fonte: ORM

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