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Com atendimento negado em várias unidades, idosa morre após AVC
08/05/2020 11:54 em Notícias

Após horas de angústia, na peregrinação para encontrar atendimento médico, o desespero de ver uma pessoa da família morrerApós horas de angústia, na peregrinação para encontrar atendimento médico, o desespero de ver uma pessoa da família morrer (

Reportagem acompanhou meio e fim da saga de medo, revolta, dor e tristeza da família dentro de um táxi; Na UPA de Icoaraci, a revolta e tentativa de forçar a entrada na unidade para que a idosa fosse atendida. Sem sucesso, seguiram para a UPA da Marambaia e nada.

Uma idosa morreu, na manhã desta sexta-feira (8), após ter o atendimento negado em hospitais e unidades de pronto atendimento (UPAs) de Belém. A suspeita é de que ela teve um acidente vascular cerebral (AVC). Não há informações de que possa ter sido um dos muitos efeitos suspeitos raros e ainda em estudo da covid-19, doença causada pelo coronavírus sars-cov-2.

A caminho da última tentativa de buscar ajuda, não resistiu.Foram horas de angústia e desespero de uma família. Dentro de um táxi, corriam de unidade em unidade de saúde. Walter Oliveira, o taxista, relata que começou levando a família e a idosa, já aflitos, para unidade municipal de saúde de Icoaraci. Nem passaram do portão. Seguiram para a UPA de Icoaraci.

Encontraram a unidade fechada e com cones de isolamento. Irritados, os familiares tentaram forçar entrada, mas não adiantou.

Mesmo em lockdown, o trânsito da Augusto Montenegro foi mais um obstáculo para que a família conseguisse encontrar atendimento para a idosaMesmo em lockdown, o trânsito da Augusto Montenegro foi mais um obstáculo para que a família conseguisse encontrar atendimento para a idosa.

Walter seguia apressado pelo trânsito da avenida Augusto Montenegro, que apesar do decreto de lockdown — fechamento de todas as atividades não essenciais à vida, saúde e segurança da população, que presumia redução da circulação de pessoas —, seguia intenso como sempre.

Chegou à UPA da Marambaia. Novamente, a idosa não foi atendida. A família já entrava em desespero e o taxista também. Foram informados da UPA da Sacramenta.

Ainda que o taxista tenha sido o mais ágil possível, a resistência da idosa não foi suficiente. Ao chegar à UPA da Sacramenta, ela morreu. Revolta, raiva, medo e tristeza se misturavam nas reações dos familiares da mulher. Ainda não foi possível saber a identidade da mulher. Mas nem cabe, neste momento.

Na UPA da Sacramenta, os profissionais da saúde fizeram de tudo para ajudar, mas não havia mais tempoNa UPA da Sacramenta, os profissionais da saúde fizeram de tudo para ajudar, mas não havia mais tempo. Mais um dos muitos casos de pessoas que peregrinam, por unidades de saúde e hospitais, em busca de atendimento e não encontram a tempo.

O Sistema Único de Saúde (SUS) sempre operou no limite da capacidade. A pandemia de covid-19 escancarou de vez os problemas. "Tenho 30 anos de taxista. Nunca havia passado por isso antes. Tudo isso é um absurdo", lamentou Walter.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Belém para obter um posicionamento sobre o porquê de recusa de atendimento em tantas unidades, levando em conta que novas unidades e frentes de atendimento foram abertas na saúde pública. É evidente que a demanda pela covid-19 segue impondo pressão ao SUS e à rede privada. No entanto, as condições já deveriam estar diferentes.

 

O Liberal

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