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Covid-19 no Marajó: falta de UTI é agravante em alguns municípios
22/05/2020 08:20 em Notícias

De acordo com a Sespa, foram registrados 1.026 casos de covid-19 no Marajó. Desse total, 101 vieram a óbito

 

Marcos Santos/ Agência Pará

O avanço do novo coronavírus para o interior do Pará virou um desafio mediante a falta de estrutura de muitos municípios. Na Ilha do Marajó, onde a falta de leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um agravante em muitos hospitais, já foram registrados 1.026 casos de covid-19 até a noite desta quinta-feira (21), de acordo com o boletim da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). Desse total, 101 pessoas já vieram a óbito em decorrência da doença. O município de Breves é o mais atingido, com 420 casos e 50 óbitos.

Em reportagem veiculada no Bom Dia Pará desta quinta-feira, a professora Edileuza França, de Portel, contou que a covid-19 causou a morte da mãe, do pai e do irmão dela, de 81, 89 e 54 anos, respectivamente. Eles estavam internados no Hospital Municipal, onde não há leitos de UTI.

"Nem todos os pacientes têm o privilégio de esperar. Meu irmão, meu pai e minha mãe não tiveram. Morreram por falta de oxigênio, de respirador, de UTI. Os médicos tentam fazer o que podem, mas não têm recurso nem estrutura", lamentou a professora.

Ainda na reportagem, o secretário de Saúde de Portel, Nizomar Júnior, disse que as três vítimas dessa família estavam reguladas à espera de vaga de UTI no Hospital Regional de Breves. Ele afirmou que o município segue os protocolos indicados, mas admitiu que a estrutura de saúde local é insuficiente.

"A grande dificuldade no município é a regulação dos pacientes que necessitam de UTI. O Hospital Público do Marajó apresenta apenas sete leitos de UTI para uma cobertura de mais de 320 mil habitantes do Marajó 2", disse o secretário.

Em nota, a Sespa confirmou que os pedidos por leito foram feitos via sistema de regulamentação e disse que houve empenho do Estado para atender o pedido, porém, os pacientes morreram antes que a transferência pudesse acontecer.

De acordo com o presidente da Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó (Amam), Jaime da Silva Barbosa, no início desta semana, em reportagem do Grupo Liberal sobre os casos de coronavírus que avançam no Marajó, a dificuldade no enfrentamento à doença é muito grande pela logística e pelas questões financeiras.

Aqui, temos os piores IDHs (índices de desenvolvimento humano) não só do Pará, mas do Brasil. Isso tudo faz com que as dificuldades sejam muito maiores", destacou. "Sala de UTI, por exemplo, você só vai encontrar em Breves, onde tem o hospital de campanha, inaugurado essa semana pelo governador, e o hospital regional. Nos demais municípios, não existe sala de UTI", acrescentou Jaime.

Hospitais de campanhaNo dia 11 de maio, o Governo do Pará entregou o Hospital de Campanha do município de Breves, referência para mais de 318 mil habitantes da região marajoara, atendendo pacientes dos municípios de Anajás, Bagre, Curralinho, Gurupá, Melgaço e Portel.

Ao todo, são 60 leitos (56 clínicos e quatro de estabilização) e 130 funcionários, entre médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e da área administrativa. Na noite desta quinta-feira, a Sespa informou que, em quase dez dias de atendimento, o Hospital de Campanha de Breves já atendeu 24 pacientes com covid-19.

Dois deles foram transferidos e dez receberam alta.

No sábado (16), o governador do Pará, Helder Barbalho, assinou convênio com a prefeitura de Soure para instalação do Hospital de Campanha, que irá atender a população da região do Marajó Oriental. Serão 60 leitos, sendo 50 leitos clínicos e 10 Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

O governo do Estado adquiriu 130.727 mil cápsulas de azitromicina, 90.858 mil de hidroxicloroquina e 114.025 mil de cloroquina, que já estão sendo distribuídas aos municípios do interior do Estado para a possibilidade de uso por pessoas com sintomas ou diagnóstico confirmado de covid-19.

Segundo o governador Helder Barbalho, que anunciou a ação no início da noite desta quinta-feira (21), em vídeo postado nas redes sociais, a prioridade de envio, neste primeiro momento, são os 30 municípios apontados pelo monitoramento Sespa que apresentam cenário de subida do número de infectados.

Dentre eles, 15 são do Marajó: Breves, Portel, Muaná, Melgaço, Anajás, Chaves, Soure, Cachoeira do Arari, Salvaterra, Bagre, Ponta de Pedras, Gurupá, Curralinho, São Sebastião da Boa Vista e Afuá.

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