Ocupação da Estrada de Ferro Carajás: Mobilização do MST em Parauapebas
Escrito por Celso Gregory em 3 de dezembro de 2024
Ocupação da Estrada de Ferro Carajás: Mobilização do MST em Parauapebas
Na madrugada desta segunda-feira, 3 de dezembro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou uma mobilização na Estrada de Ferro Carajás, no município de Parauapebas, no Pará. A ação integra uma série de protestos em 11 municípios ao longo do corredor ferroviário que conecta Parauapebas a São Luís, no Maranhão.
De acordo com o MST, a ocupação tem como principal objetivo chamar a atenção para o que o movimento considera violações de direitos das comunidades locais atribuídas à atuação da mineradora Vale. Além disso, o protesto faz parte da Jornada de Lutas por Direitos e pela Reforma Agrária Popular, agenda nacional do MST que busca visibilidade para questões relacionadas à posse da terra e à justiça social no campo.
A Estrada de Ferro Carajás é uma das principais rotas logísticas do Brasil, utilizada para o transporte de minérios extraídos na região de Carajás. Por sua importância econômica, ações que interrompem sua operação frequentemente ganham grande repercussão.
O MST argumenta que a atividade mineradora intensiva tem causado impactos socioambientais, incluindo deslocamento forçado de comunidades, degradação ambiental e precarização das condições de vida dos moradores locais. O movimento exige que a Vale dialogue com as comunidades afetadas e implemente medidas para mitigar esses problemas.
A nota da Vale em resposta à interdição da Estrada de Ferro Carajás (EFC) pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) apresenta os seguintes pontos principais:
Reconhecimento da Interdição:
A empresa confirma que a ferrovia foi bloqueada por manifestantes do MST na madrugada de 3 de dezembro, em Parauapebas, no Pará.
Desvinculação das Reivindicações:
A Vale argumenta que as demandas apresentadas pelos manifestantes não estão diretamente relacionadas às operações ferroviárias da empresa. Essa afirmação parece buscar afastar a responsabilidade direta da Vale em relação às causas do protesto, apesar de o MST atribuir problemas sociais e ambientais às atividades da mineradora.
Impacto na Operação:
A empresa informa que a interrupção foi abrupta, levando à suspensão das viagens do Trem de Passageiros entre Parauapebas (PA) e São Luís (MA) por questões de segurança. Além disso, o transporte de cargas, essencial para as atividades da Vale, também foi afetado. Isso reforça o impacto econômico e logístico significativo da mobilização.
Medidas de Contenção e Compromisso com Segurança:
A Vale afirma seu compromisso com a segurança de pessoas e operações e menciona que tomará medidas legais para lidar com a situação. Essa postura sinaliza que a empresa buscará soluções no âmbito jurídico para retomar suas atividades e, possivelmente, responsabilizar os envolvidos no bloqueio.
Assistência aos Passageiros:
Para mitigar os impactos aos usuários do Trem de Passageiros, a Vale oferece a opção de remarcar bilhetes ou solicitar o reembolso das passagens em até 30 dias. A empresa também disponibiliza o canal de atendimento “Alô Vale” para fornecer mais informações, demonstrando preocupação com a transparência e o suporte aos consumidores.
A mobilização reflete as tensões entre os interesses econômicos de grandes empresas e os direitos das populações locais. Enquanto o MST reivindica uma maior redistribuição de terras e atenção às questões sociais no campo, ações como essa também levantam questões sobre o impacto econômico e logístico de protestos em infraestruturas estratégicas.