Real é a terceira moeda com maior desvalorização frente ao dólar após Tarifação dos EUA.
Written by Henrique Gonzaga on 9 de abril de 2025
Real entre as moedas que mais se desvalorizaram
Desde o anúncio do novo pacote de tarifas feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na última quarta-feira (2), o real se tornou a terceira moeda com maior desvalorização frente ao dólar. A informação faz parte de um levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating, que analisou dados do Banco Central (BC) de 118 países.
Ranking de perdas cambiais
De acordo com o estudo, o real acumula uma queda de 5,10% até esta terça-feira (8), em um cenário de forte instabilidade cambial. Além disso, no mesmo período, ao menos 58 moedas também registraram perdas. Entre elas, o pior desempenho foi da moeda da Líbia, o dinar, que recuou 13,2%. Em seguida, está o peso colombiano, com desvalorização de 5,8%.
Cotação do dólar e moedas em alta
Na terça-feira, o dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 5,9973, próximo à marca simbólica dos R$ 6. Já na taxa Ptax, referência oficial do Banco Central, o valor ficou em R$ 5,9362, base usada pela Austin Rating no ranking. Poucas moedas conseguiram valorização no período, como o iene japonês (2%) e o franco suíço (3%).
Instabilidade global impulsiona dólar
A disparada do dólar reflete a insegurança dos mercados diante da nova ofensiva comercial dos Estados Unidos. O receio é que a escalada tarifária contra mais de 180 países e regiões provoque um cenário de inflação global e possível recessão.
Investidores buscam ativos mais seguros
Diante do aumento das incertezas, investidores têm migrado para ativos considerados mais seguros, como os títulos do Tesouro norte-americano (Treasuries). Como consequência, esse movimento fortalece o dólar e, ao mesmo tempo, contribui para a queda das bolsas de valores. Nos últimos dias, inclusive, os principais índices de ações dos EUA, Ásia e Europa registraram perdas. No caso do Brasil, o Ibovespa acumula, até o momento, quatro sessões consecutivas de queda.
Trump intensifica guerra comercial com tarifas recordes
As novas tarifas “recíprocas” anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entraram em vigor nesta quarta-feira (09/04). Entre elas, está uma taxa de 104% aplicada sobre produtos chineses, medida que amplia significativamente a guerra comercial dos EUA e gera instabilidade generalizada nos mercados financeiros.
Essas tarifas rompem com a ordem comercial estabelecida há décadas, aumentam os temores de uma recessão global e já causaram perdas trilionárias no valor de mercado das maiores empresas do mundo.
Impactos nos mercados globais
Desde o anúncio inicial das tarifas, o índice S&P 500 registrou sua maior queda desde sua criação nos anos 1950, aproximando-se de um “bear market”, quando ativos caem mais de 20% em relação ao pico recente.
Até mesmo os títulos considerados mais seguros foram afetados por uma onda de liquidação forçada, evidenciando o clima de insegurança entre os investidores.
Na Europa, os mercados acionários fecharam em queda, e os futuros das bolsas americanas indicam novas perdas. Na Ásia, o cenário também foi negativo, exceto na China, onde houve intervenção estatal para conter os danos.
Fontes informam que a liderança do governo chinês deve se reunir ainda hoje para discutir medidas de estímulo e contenção da crise.
China promete revidar: “Não aceitaremos intimidação”
A resposta da China veio após o anúncio de Trump de quase dobrar as tarifas sobre produtos chineses, de 54% para 104%. Em nota oficial, o governo chinês afirmou que não cederá à pressão dos Estados Unidos.
“O governo chinês se opõe firmemente a esse tipo de ação e não aceitará qualquer forma de intimidação”, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian.
Para conter a desvalorização do iuan, o banco central chinês orientou grandes bancos estatais a limitar a compra de dólares, conforme revelou a agência Reuters.
Ao mesmo tempo, bancos centrais de outros países como Nova Zelândia e Índia reduziram suas taxas de juros nesta quarta-feira. A Polônia também citou as tarifas americanas como justificativa para possíveis cortes futuros, indicando uma tendência global de reação monetária ao conflito comercial.
Trump fala em acordos, mas mantém tom agressivo
Apesar da turbulência nos mercados, Donald Trump minimizou os efeitos negativos e adotou um discurso contraditório. Ao mesmo tempo em que afirmou que as tarifas são “permanentes”, também disse que elas estão pressionando outros países a buscarem acordos com os Estados Unidos.
“Muitos países estão vindo atrás de acordos”, declarou Trump durante um evento na Casa Branca. Mais tarde, expressou otimismo de que a China também aceite negociar.
O governo dos EUA tem reuniões programadas com aliados como Coreia do Sul e Japão. A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, também deve visitar Washington na próxima semana. Ainda nesta quarta, o vice-primeiro-ministro do Vietnã , país diretamente afetado pelas tarifas, deve se reunir com o secretário do Tesouro norte-americano.
Cresce o temor de recessão global
Diante desse cenário, o ministro das Finanças da Alemanha, Joerg Kukies, alertou que a intensificação da guerra comercial coloca a economia europeia em risco de uma nova recessão.
Além disso, o banco JP Morgan, por sua vez, aumentou para 60% a probabilidade de uma recessão global até o final do ano, reflexo direto do clima de tensão e instabilidade provocado pelas políticas tarifárias de Trump.
Fonte: G1