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Protesto em Belém une Nativos e professores contra as políticas educacionais do Governo do Pará

Escrito por em 14 de janeiro de 2025

Protesto em Belém une Nativos e professores contra as políticas educacionais do Governo do Pará

Nativos empurraram um dos portões de entrada do prédio para acessarem o local. A Policiai foi acionada. | Foto: Reprodução/Redes sociais


Nativos do sul do Pará e professores da rede estadual se reuniram nesta terça-feira (14) em um protesto em frente à Secretaria de Estado de Educação (Seduc), situada na avenida Augusto Montenegro, em Belém. O ato visa criticar as políticas do Governo do Pará, liderado por Helder Barbalho (MDB), que, segundo os manifestantes, ameaçam o Sistema Modular de Ensino (Some) e implementam cortes que afetam a educação pública e os direitos dos profissionais da área.

Lideranças indígenas ressaltam que o fim do Some representa um sério retrocesso para as comunidades que dependem desse sistema para acessar a educação em regiões remotas e de difícil acesso:

“O nosso intuito é garantir que o secretário e a vice-coordenadora nos recebam. Não viemos aqui para confrontar ninguém […]. Viemos para apresentar nossas demandas e reivindicações”, afirmou um dos líderes indígenas no local.

O que é o Some?

O Some é um modelo de ensino que assegura a oferta do ensino médio em áreas remotas, longe das sedes municipais. Essas comunidades, segundo o governo do Pará, não oferecem viabilidade para a construção de uma escola com a infraestrutura completa do ensino regular, principalmente devido ao baixo número de alunos.

Além disso, a administração estadual explicou que o sistema opera em parceria, com o município disponibilizando o espaço, enquanto a Seduc se encarrega dos professores, da alimentação escolar e de outros recursos pedagógicos.

Protesto

Segundo os grupos participantes, o protesto realizado nesta terça-feira (14) conta com lideranças e representantes das etnias Munduruku, Tembé, Xikrim, Borari, Arapium, entre outras. Além disso, mais de 100 indígenas estão presentes na sede da Seduc.

Nas redes sociais, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp) informou que, além de outras reivindicações, os manifestantes também exigem a saída do atual secretário de educação, Rossieli Soares.

Os nativos destacaram que, sem o Some, as autoridades do estado estão “contribuindo para a morte da educação escolar indígena no Pará”. Eles ressaltaram que não se trata apenas de um povo, mas dos povos que habitam o estado, e que a questão também envolve a educação no campo.

Por fim, Alessandra Korap, liderança indígena, expressou sua preocupação com a violação de direitos e a cultura indígena devido à substituição do Some por aulas virtuais. Ela enfatizou que essa mudança é grave e prejudica a educação dos povos indígenas, destacando, assim, a importância de preservar suas línguas e culturas.

Ela afirmou que as aulas online não são adequadas para eles, pois muitos alunos não falam português, e que não desistirão dessa luta.

Em comunicado, a Seduc afirmou que não encerrará o Sistema de Organização Modular de Ensino (Some). A instituição garantiu que o programa continuará a atender as áreas, oferecendo até R$ 27 mil para que professores atuem em regiões remotas.

O Sindicato de Jornalistas do Pará (Sinjor) também se pronunciou sobre a situação, informando em nota que profissionais da imprensa estão sendo impedidos pela Polícia Militar de acessar as instalações da Seduc para cobrir o protesto.

Professores se mobilizam em protesto em defesa dos direitos da educação.

Os professores estaduais também se juntaram à manifestação, denunciando os cortes e as mudanças que prejudicam suas condições de trabalho e a qualidade do ensino público. Além disso, eles buscam utilizar o ato para pressionar por políticas públicas que valorizem a categoria e garantam os direitos dos profissionais da educação.

Ademais, a manifestação de hoje carrega um significado profundo ao relembrar o episódio de repressão violenta que ocorreu no ano passado em frente à Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). Naquela ocasião, professores foram alvos de disparos da Polícia Militar durante um protesto contra a aprovação do Projeto de Lei que abordava a Nova Carreira do Magistério.

Por outro lado, segundo o posicionamento da Seduc, que respondeu por meio de uma nota afirmando que “é contra qualquer ato de violência e que não é verdade que o Sistema de Organização Modular de Ensino (Some) será encerrado”, a instituição também informou que o programa continuará a atender as áreas. Além disso, a Seduc destacou que oferecerá até R$ 27 mil para que professores atuem em regiões remotas. Em média, os professores do Some recebem R$ 23,9 mil.

Fonte: G1


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